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hope your road is a long one,
full of adventure, full of discovery. From: Ithaka (Konstantinos Kaváfis)


terça-feira, 14 de julho de 2020

Arequipa e Colca Canyon em 2002, logo após o Pentacampeonato de Futebol.



Este texto foi encaminhado para amigos por e-mail em julho de 2002, no dia seguinte à vitória da Seleção Brasileira de Futebol sobre a Seleção Alemã.


Oi pentacampeões !!!

Hoje pela manha ainda deu tempo de assistir um pouco a chegada da seleção em Brasília (temos duas horas de fuso horário a menos do que o Brasil), antes de partirmos para Nasca (aquela cidade onde tem desenhos gigantes no solo desértico, que já foram creditados a visitantes do espaço... Lembraram???).

Ontem tivemos um dia bastante agitado: primeiro  compramos os jornais de Arequipa com as nossas fotos e entrevista para levarmos ao Brasil; depois nos encontramos com um casal (ela brasileira, ele belga - mas quase naturalizado) que estava morando no Brasil até a semana passada e partiram para uma viagem de dois meses pela América do Sul. Juntos, em dois jipes, fomos visitar o "Colca" Canyon. 
Saímos da cidade de Arequipa com alguma dificuldade, pois queríamos fazer parte do percurso por um caminho diferente do circuito turístico tradicional. É incrível como nada no Peru é sinalizado (para você encontrar uma placa de sinalização é um verdadeiro milagre). Além disso, as pessoas não conheciam a estrada que queríamos pegar. Resultado: levamos meia hora para achar a dita estrada. Mas valeu muito a pena, subimos de Arequipa para um altiplano entre dois vulcões (um dos quais é chamado "El Misti", de 5.900 m, e é um dos símbolos de Arequipa pois é visível de qualquer ponto da cidade) por esta pequena estrada que foi um verdadeiro espetáculo (só para dar uma ideia, Arequipa fica a 2.600 m e este altiplano a mais de 4.000 m). Este trecho de estrada liga Arequipa a Cañauas.
De Cañauas até Chivay (porta de entrada para visitar o Colca Canyon) passamos por um ponto que foi o mais alto atingido até aqui - 4.900 m. Neste ponto havia muito gelo nas bordas da estrada, deu até para brincar um pouco passando com o jipe por cima de algumas placas de gelo.



De Chivay começamos a bordear a margem esquerda do rio Colca, passando por cinco ou seis pequenas vilas que guardam resquícios da colonização espanhola - tem igrejas coloniais muito interessantes (pena que fechadas para visitação. Só pude fotografar a fachada de duas). A estrada está encravada em um dos platos formados pelo rio Colca. Todo o vale vem sendo usado pelos nativos desde antes da conquista Inca do local (por volta do final do século XV) para a produção de grãos e criação de animais (cabras, ovelhas, alpacas, lhamas, mulas e um pouco de gado) em patamares formados artificialmente, usando pedras para formar muros que contém o solo nestes.




O ponto culminante da visita ao Colca é um local chamado "Cruz del Condor". É o ponto mais profundo do canyon: 1.200 m de desnível entre a borda e o rio Colca. Neste local também aparecem os Condores (ao contrário do que alguns possam pensar, não são velhos com mais de 70 anos, são pássaros com mais de 2 m de envergadura que vivem em grande altitude - normalmente acima dos 3.000 m). Como chegamos a este ponto as 17:00 h, deu para ver só um pouquinho dos Condores. De qualquer forma, a luz ainda permitiu algumas fotos do local. 




Por falar em luz, fizemos um verdadeiro rallye para chegar à Cruz de Condor ainda com sol. Escurece muito cedo aqui (18:00 h)... Sei que alguns vao dizer: é inverno. Acontece que estamos viajando em direção "Oeste", seria de esperar termos um por-do-sol um pouco mais tarde...
A volta à Arequipa foi cansativa. Quando estávamos deixando a Cruz del Condor pelo caminho roteirado no GPS, resolvi perguntar a um motorista de uma companhia de turismo se o caminho que pretendíamos fazer era bom. Sorte nossa, o motorista desaconselhou e voltamos pelo mesmo caminho da vinda (ou quase, pois evitamos o primeiro trecho de montanha que tínhamos feito de manha). Realmente teria sido uma grande roubada voltar pelo caminho  planejado (aqui no Peru quando falam que as estradas são ruins, elas são MUITO RUINS. E poe muito nisso).

Hoje percorremos um grande trecho da Estrada Panamericana (asfalto, mas sem sinalização e com motoristas muito ruins). Durante quase 200 Km andamos com o Oceano Pacífico a nossa esquerda, em um cenário desértico mas muito interessante. Em alguns pontos andamos por encostas rochosas a 300 m verticais do mar. Pena que estivesse nublado o dia inteiro (quase nao vimos o sol). Faltando uns 70 Km para Nasca pegamos um nevoeiro tao intenso que chegamos a desconfiar que não houvesse sol na costa peruana.

Bom, o programa para hoje é comer bem: talvez "alpaca a la plancha" (alpaca é um dos cameloides andinos, primo da lhama. E "a la plancha" é grelhado).

Amanha cedo vamos fazer um sobrevoo das linhas de Nasca, para fotografar e filmar as figuras desenhadas no solo desértico, e depois partir para Pisco.

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