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hope your road is a long one,
full of adventure, full of discovery. From: Ithaka (Konstantinos Kaváfis)


quinta-feira, 8 de setembro de 2011

9ª Etapa – Das “Dolomitas” para o “Adriático”: um pouco de turismo convencional.





Até “Ponte di Legno” tínhamos rodado mais de 2.400 km e estávamos chegando ao fim de nossa jornada alpina. Desde nossa partida em Milão já haviam se passado 10 dias, 6 dos quais rodados integralmente em estradas de montanha. Esta etapa final de montanhas alpinas compreendeu os mais de 200 km percorridos entre “Ponte di Legno” e “Cortina d`Ampezzo”, no coração da cadeia dos “Alpes Dolomíticos”, no Norte da Itália.

Partimos cedo do hotel em Ponte di Legno para o que estava se tornando nossa rotina nos últimos dias, cruzar passos alpinos. Quando planejamos esta viagem procuramos não exceder os 300 km rodados por dia. A princípio parece pouco para nós, acostumados a rodar até 1.000 km em um único dia em nossos deslocamentos pelo Brasil e países vizinhos. No entanto, em estradas de montanha, onde a média horária raramente passa dos 50 km/h, rodar esta distância significa de 6 à 8 h de pilotagem. Isto sem contar as paradas para fotografias e descanso.


Ponte di Legno, vista a partir do hotel (Foto: A.V.Jr.).

Neste dia batemos nosso recorde, foram 5 passos até Cortina d`Ampezzo. Pela ordem: Tonale – 1.883 m de altitude; Mendola – 1.363 m; Costalunga – 1.745 m; Pordoi – 2.239; e, Falzarego – 2.105 m. Estávamos sentindo certa nostalgia do início da viagem, manifestada através de um sentimento de tristeza com o fim das estradas de montanha que se aproximava. Mas a visão do grupo de montanhas “Dolomitas”, que começaram a aparecer logo após nossa partida, acabou instantaneamente com esta melancolia.



Estrada SS42 rumo ao "Passo del Tonale".

SS42 para o "Tonale".



Chegando ao "Passo del Tonale".


No "Passo" - 1o do dia.


Monumento aos italianos tombados na Guerra - Passo del Tonale.



Grupo das "Dolomitas" no Passo del Tonale.

As “Dolomitas” são constituídas por um conjunto de nove grupos de montanhas, localizadas em cinco Províncias no Norte da Itália, próximas à fronteira com a Áustria. Todos estes grupos tem a mesma singular conformação rochosa, com seus majestosos picos de paredes quase verticais e formas que lembram dentes. Foram declaradas “Patrimônio Natural da Humanidade” pela UNESCO em 2009. Toda a região das “Dolomitas” é muito procurada para moto-turismo, e apelo para tanto é o que não falta: estradas cênicas bem conservadas e com infindáveis curvas para agradar os pilotos; muitas vilas com excelentes opções de hospedagem que atendem a todos os bolsos; muitos programas alternativos – caminhadas, ciclismo de montanha, rafting e ski no inverno; e, a cozinha do Norte da Itália que dispensa comentários. Para todos os que pretendem andar de moto nos Alpes e querem concentrar-se em uma única região, as “Dolomitas” são a nossa indicação.


Comuna de "Fondo", a caminho do "Passo della Mendola".


2o Passo do dia - Mendola.



Entroncamento em Trento, a caminho de Cortina d`Ampezzo.


Vila nos Alpes Dolomíticos, próxima ao Passo Pordoi.


Dolomitas próximo ao Passo Pordoi - Rodovia SR48.

Passo Pordoi - Rodovia SR48.


Outra vista a partir do Passo Pordoi.



Pordoi, nosso 4o Passo do dia (não temos fotos do 3o - Passo Costalunga).


Passo Pordoi com uma amostra do Grupo Dolomitas ao fundo.


Rumo ao 5o e último Passo do dia, "Falzarego".


Grupo Dolomitas próximo ao "Passo Falzarego".



Festejando o último "Passo" da viagem - 5o do dia.


Monumento no "Passo Falzarego". Formação Dolomítica ao fundo.


Parque Regional Natural das Dolomitas d`Ampezzo.


Outro registro do mesmo local.


Esta placa é mais "natural"!!!




Maravilhados com o cenário, pilotamos prazerosamente nossas máquinas até Cortina d`Ampezzo, nossa base de pernoite e capital informal das “Dolomitas Bellunesi”. Durante o jantar de celebração da última noite nas montanhas decidimos atalhar o caminho até Veneza. Nosso plano inicial era o de seguir por estradas de montanha e fazer mais 3 passos. Mas estávamos todos bastante cansados com a semana intensa de estradas alpinas e pernoites em locais diferentes a cada final-de-dia - com todo o manejo de bagagem que isso implica - que resolvemos cometer uma heresia motociclística: tomar uma “autoestrada”. O trecho que deixamos de percorrer tinha um forte apelo emocional para 4 integrantes do grupo. Iríamos visitar a terra do nosso bisavô em Cesiomaggiore, na Província de Belluno.




Chegando em "Cortina d`Ampezzo".


A caminho de "Cortina d`Ampezzo".


Sol brilhando forte nas montanhas!!!


Cortina d`Ampezzo.


Elas estavam felizes. Prontas para as compras...


Último jantar nos Alpes...


Partindo para Veneza pela "Autoestrada"...

Quase em Veneza...

Cruzando a "Ponte Della Libertá" na chegada em Veneza.



A decisão comprovou-se acertada e chegamos cedo em Veneza. Tomamos um “ferry-boat” para a ilha do “Lido”, logo em frente à Veneza, onde nos hospedamos. A tarde foi inteiramente dedicada à exploração desta cidade única, com todos os seus encantos – canais, museus, igrejas e palacetes - e transtornos – excesso de turistas, mau-humor dos gondoleiros, preços extorsivos, etc. Veneza marcou o início da nossa fase de turistas convencionais, que duraria somente dois dias.



Chegando ao "Tronchetto".


No "Tronchetto" aguardando o "Ferry-boat" para "Lido di Venezia".


Motos embarcadas no "ferry-boat" para "Lido" (travessia de 30 minutos).


Hotel Riviera - Lido di Venezia.


Manobrando em frente ao Hotel - Lido di Venezia.


Por-do-sol em "Lido di Venezia".


Praça de São Marcos - Veneza (Vista a partir do "Canale della Giudecca").


Gondoleiros (amigos???), próximo à Praça de São Marcos...


Canal Grande - Veneza.

"Dorsoduro" - Veneza.



Palacetes em "Dorsoduro" - Veneza.



Palacetes em "Dorsoduro" - Veneza.


A viagem estava terminando. Logo voltaríamos às nossas rotinas. Com este sentimento partimos de Veneza na manhã seguinte.




Hora de arrumar a bagagem...



Aguardando para embarcar no "ferry" (partindo de Lido di Venezia).


Outra foto com + "zoom".



Adeus à "Lido di Venezia".


Caras tristes com a proximidade do fim da viagem...


Pouco mais de uma centena de quilômetros separam Veneza de Verona, que foram vencidos rapidamente. Estávamos lá para assistir um espetáculo do Festival de Ópera de Verona, que este ano completou 89 edições, em mais uma prova de que não é só “rock-and-roll” que toca o coração dos motociclistas. Este Festival é um evento internacional que acontece todos os anos, começando no final da primavera e durando todo o verão europeu. É frequentado por espectadores do mundo inteiro e representa para a música clássica o que os grandes festivais internacionais de “Rock” representam para a música “Pop”. E tem um atrativo adicional, as apresentações acontecem na “Arena de Verona” - um anfiteatro romano construído provavelmente no Século I DC. Conferimos as principais atrações da cidade, assistimos a “La Traviata” e no dia seguinte partimos para os últimos quilômetros desta viagem.


Deslocamento para "Verona".



"Castelvecchio" (Castelo Velho), construído pela Família "Scala" entre 1354 e 1356 - Verona.


Olha só a animação no "Castelvecchio" (atenção ...1,2, 3 e ... virar...)!!!


Castelvecchio.


Balcão na casa de "Julieta" (Casa da Família "Capuleto").


Estátua de "Dante" na "Piazza dei Signori" (Dante viveu em Verona entre 1312 e 1318).


Arena de Verona.


Amigos em frente à Arena, pouco antes do início do espetáculo.


Público aguardando o início da "La Traviata".



Intervalo da ópera.


Uma taça de "Prosecco" no intervalo...muito chique!!!



É nesta hora que bate uma vontade de começar tudo de novo, adiar o retorno e seguir em frente. Toda a viagem passou em nossas mentes em imagens instantâneas. Recordamos das estradas, das paisagens, dos cheiros e das pessoas de uma forma que só uma viagem de motocicleta proporciona. Refletimos sobre episódios da viagem e ficamos satisfeitos com as manifestações mútuas de camaradagem, tolerância, paciência e, principalmente, bom-humor. Lembramos da importância da companhia das nossas esposas nesta viagem, que bravamente resistiram a todos estes quilômetros em nossas garupas, e do prazer que é poder dividir com elas esta experiência única. Envoltos nestes pensamentos chegamos a Milão, a tempo de devolver as motos e pegar o voo de volta ao Brasil.

É pessoal, acabou...

Melancólicos esperando o voo de retorno ao Brasil.
 
 


A TODOS QUE DESEJAREM ACOMPANHAR O RELATO COMPLETO, SUGIRO COMEÇAR PELO POST DE 28/06/11 - "MISSÃO CUMPRIDA" - QUE TRAZ UM MAPA DO TRAJETO. OS DEMAIS POST RELATAM A VIAGEM ETAPA-POR-ETAPA. "BOA VIAGEM" A TODOS.