Saiu na edição de 27/05/2009 reportagem sobre a viagem que fizemos. Vejam esta matéria.
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hope your road is a long one,
full of adventure, full of discovery. From: Ithaka (Konstantinos Kaváfis)
hope your road is a long one,
full of adventure, full of discovery. From: Ithaka (Konstantinos Kaváfis)
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Detalhando o Roteiro IV - Alpes Marítimos: Col de la Bonette / Col de Vars / Col d`Izoard
Agora sim as grandes montanhas. Após o gostinho dos Alpes Marítimos, ao percorrermos o “Col de Turini” no Sudeste Francês, voltamos aos Alpes para subir a cordilheira “Ocidental”. Antes de discorrer sobre este trecho específico do roteiro, creio ser interessante dar uma ideia do que são os “Alpes” e de como se originaram geologicamente. As informações a seguir foram tiradas da “Wikipédia”:
Os Alpes são um dos grandes sistemas de cordilheiras da Europa e estendem-se da Áustria e Eslovênia, a leste, através da Itália, Suíça (Alpes suíços), Liechtenstein e Alemanha, até a França, a oeste. A palavra "Alpes" vem do latim Alpes, que por sua vez pode estar relacionado com os termos latinos albus ("branco") ou altus ("alto") ou, mais provavelmente, com alguma palavra celta ou lígure.
Os Alpes costumam ser divididos em Alpes Ocidentais e Alpes Orientais. A divisão segue a linha entre o lago Constança e o lago Como, ao longo do Reno. Os Alpes Ocidentais são mais elevados, mas sua cordilheira central é mais curta e curvada; localizam-se na Itália, França e Suíça. Os Alpes Orientais, com um cerne mais alongado e largo, pertencem à Áustria, Alemanha, Itália, Liechtenstein, Eslovênia e Suíça.
O ponto culminante dos Alpes é o Monte Branco, com 4 808 metros, na fronteira franco-italiana.
Os Alpes foram levantados devido à pressão exercida sobre sedimentos da bacia do mar de Tétis, à medida que os seus estratos mesozoico e cenozoico foram empurrados de encontro à estável massa eurasiática pela massa africana, que se movia na direção norte. Isto ocorreu durante as épocas oligocena e miocena. A pressão formou grandes dobras, chamadas "nappes", que subiram do que era o mar de Tétis (*) e pressionaram na direção norte, com frequência partindo-se e deslizando umas sobre as outras. O Monte Branco, o Matterhorn e os picos elevados dos Alpes Peninos e Hohe Tauern são formados por rochas cristalinas.
A paisagem vista hoje foi formada principalmente por glaciação ao longo dos últimos dois milhões de anos. Pelo menos cinco eras glaciais atuaram para alterar a região, ao formar os lagos e arredondar as colinas de calcário na franja setentrional. As geleiras têm recuado ao longo dos últimos 10 mil anos. Crê-se que, com o término da última era glacial, o clima foi alterado de maneira tão súbita que as geleiras recuaram para as montanhas num período de cerca de 200 a 300 anos.
Vamos deixar a Provence para trás, tendo como objetivo do dia chegar a Sestriere, na Região do Piemonte – nos Alpes Italianos. Dia de escalada de montanha e diversão garantida com a pilotagem das motos nas curvas. Vamos percorrer, como diz o refrão de uma famosa música dos Beatles - “The Long and Winding Road”:
"The long and winding road
That leads to your door
Will never disappear
I've seen that road before
It always leads me here
Lead me to your door".
Começaremos rodando a margem direita do rio Verdon, em uma estrada sobre a borda da garganta que promete ser espetacular, assim como a margem esquerda percorrida na rota para Moustiers-Ste-Marie. Nas pesquisas que tenho feito na internet encontrei depoimentos de motociclistas que percorreram as estradas que margeiam o “Gorges du Verdon”. Um em especial chamou minha atenção, de um motociclista europeu (não consigo recordar a nacionalidade- inglesa ou alemã), comentando que dentre as realizações de um homem no decorrer da sua vida – plantar uma árvore, escrever um livro e criar um filho – deveria ser acrescentada mais uma: andar de motocicleta pelas bordas do Verdon. Deve ser um exagero, vamos checar.
É um dia de água e montanha. Após a “garganta” vamos bordear um lago artificial, dentre tantos formados ao longo do rio Verdon, chamado Lago de Castillón e vamos nos preparar para iniciar o trecho alpino.
As rotas alpinas são sempre desenvolvidas ao longo de vales, que podem ter duas origens distintas: (i) fluviais - formado pela ação dos rios - com a sua conformação típica em “V” com as bordas bastante íngremes; (ii) glaciais – formados pelo deslocamento lento das geleiras – que tem a forma típica de um “U” com bordas mais suaves. Estes vales invariavelmente terminam em “passos”, que são pontos culminantes que ligam vales contíguos (estes pontos tem nomes variados: “Col” em francês, “Passo” em italiano, e uma salada de letras seguida da terminação “pass” na Suíça, Áustria e Alemanha.
Em nossa aproximação alpina ainda percorreremos mais um trecho margeando rio: no caso o rio chama-se “Var” e o trecho a ser percorrido é conhecido como “Gorges de Daluis” (gargantas de Daluis). “Daluis” é uma pequena vila medieval às margens do rio Var e esta região também é muito procurada pelos motociclistas que descem do norte da Europa em direção à Cote d`Azur (Costa Mediterrânea) por conta da beleza cênica da rota (estrada margeando o canyon do rio Var, com encostas íngremes e vários túneis curtos de mão única) e prazer na pilotagem em estrada sinuosa.
Gorges de Daluis |
O próximo ponto de destaque, além é claro da própria estrada e das várias pequenas vilas medievais que cruzaremos, é o Parque Nacional do Mercantour. A Europa não possui muitos parques nacionais para proteger as suas riquezas biológicas, culturais e cênicas. A França possui 9 Parques Nacionais – um dos quais iremos percorrer, que é o do “Mercantour”. Criado em 1979, possui uma área de aproximadamente 215.000 hectares desenvolvendo-se ao longo do maciço de “Argentera Mercantour” – que faz a fronteira entre a Itália e a França. Este parque, assim como o seu vizinho italiano “Parco Naturale Alpi Marittime”, protege a maior diversidade de flora da França, com mais de 2.000 espécies catalogadas. Abriga também um antílope montanhês (muito semelhante a uma cabra) chamado de “chamois” em francês.
Parque Mercantour (cliquem no mapa para ampliar) |
Nosso objetivo ao percorrer o Parque do Mercantour é fazer a travessia do “Col de la Bonette”, com 2.715 msnm, o terceiro mais alto passo motorizável da Europa, que fica localizado dentro do Parque. Próximo ao passo fica o ponto culminante desta estrada (D64), que é o “Cime de la Bonette”, que fica a 2.802 msnm de altitude. Este ponto na realidade é somente uma alça da estrada que leva até este ponto extremo. Aqui vale uma observação importante: os mais altos passos alpinos normalmente abrem para o tráfego entre os meses de junho e outubro, período em que a neve acumulada nestes pontos derrete e possibilita as suas travessias, razão pela qual planejamos esta viagem para meados de junho.
"Cime de la Bonette" (Mapa Topográfico - cliquem para ampliar) |
Estrada D64 para o "Cime de la Bonette" |
Belas curvas para o "Cime de la Bonette" |
Camp des Fouches (Fortificação Militar Francesa da II Guerra Mundial |
Estrada D64 passando pela vila militar de "Camp des Fouches" |
Não vamos mais abandonar as montanhas por muitos dias. Como gratificação adicional pelo dia de estradas alpinas ainda teremos as travessias do “Col de Vars”, com 2.109 msnm de altitude, e do “Col d`Izoard”, com 2.306 msnm. Se o programa for cumprido integralmente, terminaremos o dia em Sestriere, na Itália. Sestriere é uma vila de montanha situada a 2.035 msnm de altitude entre os vales do Chisone e Susa. Foi sede dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2006.
Vertente Norte do "Col d`Izoard" |
"Col de Vars" |
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