Alguns anos atrás estava pesquisando rotas cênicas (as estradas destacadas com verde nos mapas da Michelin) para percorrer com a minha mulher na Provence quando deparei com um canyon chamado "Gorges du Verdon". Para minha surpresa descobri ser uma das belezas naturais da França (não é comparável ao Grand Canyon Americano, tampouco tem a magnitude - profundidade - do Colca Canyon Peruano). As estradas que o margeiam são especiais para o turismo, motorizado ou não, oferecendo aos viajantes a beleza cênica e o bucolismo do interior da Provence. A vontade de conhecer a região do Verdon permanece desde então.
Então esta será uma boa oportunidade para saciar a minha curiosidade. Vamos ao detalhe do trecho: após percorrer o “Col de Turini” até a vila de La Bollène-Vésubie (para melhor acompanhar o roteiro sugiro sempre que consultem o mapa que está como link no post de 11/11/10 - "Finalmente a primeira versão da Rota dos Grandes Alpes. Vejam também o post anterior - "Detalhando o Roteiro II") tomaremos o rumo “Sul”, acompanhando o rio Vésubie (as informações que tenho é de que este trecho também é muito bonito, com a estrada desenvolvendo-se ao longo da a garganta escarpada acompanhando o rio Vésubie), até o seu encontro com o rio Vars, quando tomaremos a direção de “Grasse”.
Já disse um eminente viajante que as formas mais imediatas de entrar em contato com as culturas locais são a culinária e a música. Culinária envolve aromas e texturas, e aromas remetem a perfumes. Então houso acrescentar mais esta forma de interação cultura - "os cheiros locais". Neste trecho do roteiro está programado uma passagem por Grasse, que é a capital francesa dos perfumes. É nesta cidade que são preparados os tão celebrados aromas que fazem os perfumes franceses serem apreciados mundialmente.
Para quem gosta de cinema, esta cidade é citada no filme “Perfume – A história de um assassino, baseado no livro homônimo do escritor alemão Patrick Süskind, cuja sinopse segue:
Paris, 1738. Jean-Baptiste Grenouille (Ben Whishaw) nasceu em um mercado de peixe, onde sua mãe (Birgit Minichmayr) trabalhava como vendedora. Ela o tinha abandonado, mas o choro de Jean-Baptiste faz com que seja descoberto pelos presentes na feira. Isto também faz com que sua mãe seja presa e condenada à morte. Entregue aos cuidados da Madame Gaillard (Sian Thomas), que explora crianças órfãs, Jean-Baptiste cresce e logo descobre que possui um dom incomum: ele é capaz de diferenciar os mais diversos odores à sua volta. Intrigado, Jean-Baptiste logo demonstra vontade de conhecer todos os odores existentes, conseguindo diferenciá-los mesmo que estejam longe do local em que está. Já adulto, ele torna-se aprendiz na perfumaria de Giuseppe Baldini (Dustin Hoffman), que passa por um período de pouca clientela. Logo Jean-Baptiste supera Baldini e, criando novos perfumes, revitaliza a perfumaria. Jean-Baptiste cada vez mais se interessa em manter o odor de forma permanente, o que faz com que busque meios que possibilitem que seu sonho se torne realidade. Só que, em suas experiências, ele passa a tentar capturar o odor dos próprios seres humanos.
Recomendo a todos este filme, é uma boa diversão. Prestem atenção quando o perfumista Giuseppe Baldini, que é o Mestre Perfumista do protagonista Jean-Baptiste Grenouille, diz que não tem mais nada para ensinar e sugere que vá para “Grasse” para aprender como extrair os aromas em uma técnica conhecida como “enfleurage”.
A partir de Grasse faremos um pedaço da Rota Nacional 85, conhecida como “Rota de Napoleão” (rota percorrida por Napoleão Bonaparte, ao retornar de seu exílio na Ilha de Elba, até a cidade de Grenoble para retomar o seu trono) até o entroncamento com a rota D21 na localidade de La Logis du-Pin. A partir deste ponto percorreremos as bordas do “Gorges du Verdon”.
Este famoso “canyon” formado pelo rio Verdon localiza-se na região sudeste da França, no Departamento “Alpes-de-Haute-Provence” e é considerado um dos mais bonitos da Europa. Tem aproximadamente 25 km de extensão e mais de 700 m de profundidade. Deve seu nome a cor das sua águas: verde turquesa.
A partir de Moustiers-Ste-Marie, no "Gorges du Verdon", poderemos fazer também um pequeno desvio de uns 70~80 km para percorrer um trecho de estrada rural (asfaltada) até o Platô de Valensole para ver as plantações de alfazema (como é primavera, devem estar floridas). Estou pesquisando algumas destilarias de essências aromáticas nesta região para visitarmos, sem fazer grandes desvios de roteiro e calculando bem os tempos para tanto (este roteiro está tão bacana e tem tanto lugares fantásticos para percorrer que temos que aproveitar bem o tempo, apesar das distâncias diárias a serem percorridas situarem-se entre 350 e 400 km).
Sobre "Moustiers-Ste-Marie: no Século V monges da Abadia de Lerins estabeleceram-se nas escarpas das montanhas - em cavernas - dando origem ao Monastério (Moustiers). Evoluiu para centro de peregrinação popular no Século XIII. No Século XVII foi introduzida a faiança (porcelana). Hoje é uma charmosa vila turística que integra o Circuito do Verdon e da "Lavanda".
Ainda sobre Moustiers: a região da Provence também - ou talvez principalmente - é famosa pela sua culinária, que mistura hervas aromáticas e óleo de oliva produzido localmente. Em Moustiers o famoso "Chef de Cuisine" Alain Ducasse (com três restaurantes estrelados pelo Guia Michelin) possui um "Inn", chamado "La Bastide de Moustiers", que aproveitou uma antiga casa construída com pedra local e a transformou numa "Pousada de Charme" com um pequeno restaurante anexo. Adivinhem como Alain Ducasse descobriu este local em 1994? Andando de motocicleta pela região. Talvez por esta coincidência motociclística, mas não só por ela, valerá a pena gastarmos uns Euros a mais e programarmos um jantar neste restaurante (podem ir preparando EU$ 100 por pessoa).
Sobre "Moustiers-Ste-Marie: no Século V monges da Abadia de Lerins estabeleceram-se nas escarpas das montanhas - em cavernas - dando origem ao Monastério (Moustiers). Evoluiu para centro de peregrinação popular no Século XIII. No Século XVII foi introduzida a faiança (porcelana). Hoje é uma charmosa vila turística que integra o Circuito do Verdon e da "Lavanda".
Ainda sobre Moustiers: a região da Provence também - ou talvez principalmente - é famosa pela sua culinária, que mistura hervas aromáticas e óleo de oliva produzido localmente. Em Moustiers o famoso "Chef de Cuisine" Alain Ducasse (com três restaurantes estrelados pelo Guia Michelin) possui um "Inn", chamado "La Bastide de Moustiers", que aproveitou uma antiga casa construída com pedra local e a transformou numa "Pousada de Charme" com um pequeno restaurante anexo. Adivinhem como Alain Ducasse descobriu este local em 1994? Andando de motocicleta pela região. Talvez por esta coincidência motociclística, mas não só por ela, valerá a pena gastarmos uns Euros a mais e programarmos um jantar neste restaurante (podem ir preparando EU$ 100 por pessoa).
Plantação de "alfazema" no Platô de Valensole |
Moustiers-Ste-Marie |
Pintura de faiança (porcelana) por artesão da Moustiers-Ste-Marie |